quinta-feira, 31 de julho de 2008

Não ser: eis a questão

Que tenho eu pensado sobre o mundo e as coisas dentro (em cima, do lado) dele? Talvez a primeira idéia tenha a ver com grandeza e tal. Essa coisa de tamanho mesmo: o mundo é grande. No entanto, de repente, você reencontra alguém que também mora há anos na sua pequena cidade e os questionamentos são retomados: se a cidade é pequena, por que a demora de reencontrar? Por outro lado, se a cidade fosse grande, reencontrar seria fato contraditório.
Cotidiano. Quero quebrá-lo. Tenho fichas para algumas cervejas no bar da esquina. De qualquer esquina. Esquina. Quero dobrá-la. Dobrar a esquina, pegar as cervejas no bar: cotidiano. Mas eu não queria quebrá-lo? Quebrarei. E continuarei quebrando... até que o ato de quebrar em si se faça cotidiano. Inquieto, me pergunto: será que a cobra mordeu seu próprio rabo? “Que merda...”, pensariam os vegetarianos.
Canibalismo é a rotina do pensamento. Lembrei de uma peça publicitária, mas não vale a pena citar, apenas basta dizer que vendeu bem a idéia. A idéia é essa: vender bem a idéia. Lembrei de outro bem cultural, esse vale dar nome: 1,99 – um supermercado que vende palavras.
Imaterial é o produto dos nossos tempos: metafísica nenhuma.

sábado, 26 de julho de 2008

Manifesto religioso dos ateus


Meudeusdoceu, queremos escrever um romance em russo, mas acontece que não conhecemos a língua russa. Portanto, para escrever um romance em russo, teríamos de inventar a língua melancólica e ressentida – cristã, em última instância – de todos os Tolstoi´s; teríamos até de submergir no oceano iconoclasta dos Dostoiévski´s... e, afinal, aprendermos alemão também com a genealogia do pensamento que matou deus.
Meudeusdoceu, somos todos ateus, mas como que por uma ironia do destino, talvez sejamos os que mais Lhe procuram... nas nóias lingüísticas... nas nuances do eterno porvir e nessa consternação generalizada diante dos templos... que insistimos em reconstruir, para tornar a quebrá-los.
E cá estamos, ouvindo caetanos cânticos, entre mulheres vegetais [comestíveis, em resumo]... E aqui vamos nós, acabando o que não tem fim... sem rumo.


06/07/2008