segunda-feira, 25 de maio de 2009

Carta aberta

Tenho experimentado muita confusão quando, inerte, em frente a tela, penso no que digitarei primeiro. Em vão, considero diminuir a prolixidade, a metalinguagem e todos esses artifícios que muito contribuem quando não sei ao certo o que tenho a dizer. Isso porque quase todos dizem por aí, que é preciso ser objetivo, conciso e dizer logo de início tudo que vai dizer. Mas tudo que pode ser dito, não cabe no início - o que é muito importante para os senhores desenvolvimento e conclusão manterem seu lugar. "O principal está fora do resumo". Introduções não têm nada a dizer.

Toda inquietação, na verdade, se preocupa com o dizer e sua recepção. Aqui, tentarei localizar essa interação na comunicação mediada por computadores, onde quem diz (se expressa) tem o computador à sua frente e quem o escuta (recebe) usa o mesmo aparelho telecomunicacional.

O acelerado processo do desenvolvimento das tecnologias da inteligência e da comunicação proporcionaram a emergência de diversas formas de interação mediadas por máquinas. E é o computador, com seus softwares de diálogos em tempo real, como o MSN e o Skype, sob a égide das redes mundiais de relacionamentos da internet, o principal novo medium das relações humanas. Agora o homem compra, transa e se mata via computador.

No intuito de me situar, de modo mais ou menos delimitado, proponho um recorte específico das relações mediadas por computadores, as interações afetivas, entre homens e mulheres, que transitam no ciberespaço. Uma boa ilustração, por exemplo, seria um encontro numa comunidade virtual, procedido por uma primeira conversa descontraída, num desses msn´s da cyberlife.

Está tudo muito claro, né? ao menos... pra mim. que coisa difícil é se comunicar.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ilusão de óptica, Ilusão vital

Tenho planos de ir à rua. Sim, caminhar, ver pessoas, turistas (que também são pessoas, mas diferentes) e (quem sabe?) me surpreender. É engraçado como vivemos esperando por uma surpresa. Mas ora, para que hajam surpresas não é preciso desatenção? Quero dizer, como alguém atento, à espera, à espreita... pode ser acometido pela graça rasteira de uma surpresa? Nonsense.

Sim, vou caminhar na rua, daqui a pouco. Antes, continuarei escrevendo isso, como quem escreve pra matar o tempo: a quem não tem o que fazer resta matar o que não existe. No entanto (repito muito esse advérbio adversativo, em outros momentos. nesse texto, é a primeira e última vez), o tempo é mesmo uma convenção necessária – ao menos tem sido desde quando o inventamos: quem inventou o tempo não tinha o que fazer e estava a procura de algo para matar o tempo? (fica para tarefa de casa refletir sobre).

A verdade é que enquanto arquiteto planos de ir à rua, o tempo (que não existe) passa, no relógio do canto inferior direito dessa tela à minha frente, nos relógios dos pulsos de bilhões de pessoas que se preocupam com o tempo mais do que as pessoas que não têm relógios de pulso. Não tenho um relógio de pulso, por isso, quando sem celular, não tenho nada mais que indique a hora preso a meu corpo – sou mesmo um vagabundo: meu pai não discorda.

Mas e a rua, como andará a rua lá fora? Sob os pés apertados (pelos calçados) das pessoas (turistas e tudo mais)? Ou a rua anda parada ultimamente? Não, parada não, é verão, ela anda mesmo muito movimentada, o pessoal que cuida dos carros aumentou consideravelmente seu faturamento – mais pessoas têm carros. É isso, a rua não está parada ou andando sob pés... mas sim sob rodas. Quem tem tempo para ir a pé à lua? Tempo é dinheiro. Tempo não existe. Vou caminhar até a lua, ela está crescendo – ilusão de óptica, ilusão vital.

Felizanovo

O anovo já começou há dias e essa deve ser a minha terceira tentativa de escrever um texto sobre. De antemão, digo: não consegui. A inspiração tem voado em outros ares, não tenho respirado ela ultimamente, contudo, não posso dizer que ando asfixiado, pelo contrário, ando mesmo a encher meus pulmões do ar quente produzido pela combustão (da ponta da brasa).

Somos o que chamam pós-modernos (pós-qualquercoisa) e nossa geração é dada a suicídios lentos, mas nada se consumará. Até mesmo o anovo é projeto não concluído: a virtualização impera, nada se realiza. Anovo é um plano perfeito – planos perfeitos por definição nunca deixam o plano ideal. O virtual nos transpassa, antecipa... feito flecha mágica encarnada na montanha russa do parque ao lado. A realidade é algo distante, perdida na neblina da crise da objetividade.
A História já não pode ser narrada, se não pela ficção: ela é agora narrativa espetacular – instantaneidade, sem passado ou futuro. A História é jogo de RPG (em três dimensões) produzido em série... antes dos acontecimentos: a informação precede o fato.

Felizanovo (que deus lhe dê muita saúde e paz e que os anjos de amém)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Enquadrado

Thiago diz:
Lá fora
Thiago diz:
agora
Thiago diz:
cai
Thiago diz:
forte
Thiago diz:
a chuva sobre a tarde tediosa

Thiago diz:
Em algum lugar
Thiago diz:
que não aqui
Thiago diz:
obviamente
Thiago diz:
você passeia sem mim

Thiago diz:
na memória
Thiago diz:
agora
Thiago diz:
qualquer vazio passageiro
Thiago diz:
Se preenche

Thiago diz:
Cansado
Thiago diz:
penso em pintar
Thiago diz:
com outras cores
Thiago diz:
as paredes do meu quarto amarelo e branco
Thiago diz:
e arrancar
Thiago diz:
do porta-retrato
Thiago diz:
esse instante congelado.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não-ser: eis a questão, de novo.

Escreverei um texto nos próximos breves minutos que antecedem(rão) a chamada no celular. Mas ainda não sei precisar sobre o que se tratará doravante. Impossível é fugir da linguagem, quero dizer, de pensá-la... residimos nela. A metalinguagem é reincidente... como os erros freqüentes do árbitro futebolístico.

Preciso, necessito precisar. Mas de quê? Pra quê?

Descerei as escadas, manobrarei a porta com a chave e deixarei a casa. Entrarei no banco, farei o que tiver de ser feito, imprimirei o roteiro para lê-lo antes do ensaio com os atores – sou o diretor de atores, no trabalho da matéria “direção de atores”. No entanto, que coisa, antes mesmo do ensaio... temos uma prova da mesma matéria... que foi antecipada.

Acaba meu tempo. Desfecho de texto é clique sobre o X – a questão é essa: não-ser: eis a questão.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Legitimando...

A experiência continua escapando à linguagem. Mesmo a metalinguagem, reincidente-reincidente, não contempla a coisa. Mas o assunto não era esse, apesar desse ser o assunto constante. Não é nada impessoal, quem me dera (ou não)... se fosse.

A pergunta da vez - com a ilusão de quem tenta apalpar-se simbolicamente: sou um cafajeste?

E apesar da reflexão, respondo quase que prontamente ao espelho: não, não sou um cafajeste. Não há compromisso, nem expectativas... nem expectativas que ultrapassem o hoje ou saudades que suscitem imagens do ontem: estou suspenso, ainda que toque o chão, estou suspenso.

Reacendo a ponta apagada no canto do cinzeiro – impessoalidade? Nenhuma.

Voltarei ao quarto dos meus pais.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Memória fractal e fórmulas mágicas

Sal grosso, banho de cheiro, cueca suja... superstições: é o aparato místico nacional apoiando o piloto, na corrida mais tecnológica da história, mas ninguém está indo ao espaço... voarão baixo, por aqui mesmo, “in concret jungle”.

Na TV, a apresentadora loira, em seu programatinal, vestida a rigor, ou seja, com o macacão do piloto, entrevista o piloto. Veiculação da imagem do Massa para as massas, no veículo de massa... que, definitivamente, não é o carro vermelho... jóias raras, por definição, não podem ser tocadas pela multidão.

Lembro da ironia ácida do meu professor
Lembro da garota - aquela
Do empate sem gols ..ontem... entre Vitória e Flamengo
Da pizza, das pizzas... mas frango com catupiry é uma unanimidade
Assim como a corrida do próximo domingo.

Enquanto isso...
Nos bastidores da prova... nos bastidores da TV... previsões sobre o tempo
Que não existe.