segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Me desculpe, Chico, mas também é Cotidiano

Penso na dicotomia entre inatismo e empirismo
mas o tema é muito tenso, penso em desconversar o pensamento
e deitar no papel qualquer coisa mais solta... leve

Ajeito a postura, não da caligrafia - essa eterna cansada, mas a do corpo:
minha coluna me pede em silêncio
e ainda há quem diga que a dor-muda é exclusividade das massas

Conforto
eu quero
em todos os sentidos: físico e espiritual
nonsentido materialista da coisa

Mas me levanto
vou até a sala
abaixo o volume da TV
e abro as janelas:
a rua continua ali, logo em baixo
na sua arquitetura atemporal
nos pedestres apressados
mas principalmente
nas suas pedras imóveis
o chão é sua identidade fixa:
por mais que lhe troquem as pedras
a imobilidade inabalável persiste

Desço as escadas
alcanço a calçada
chego no ponto
espero espero espero
adentro o ônibus atrasado
agora
em relação ao ônibus
estou parado
em relação à rua
em movimento
ela continua parada

Encosto minha cabeça pesada na poltrona e penso:
quanta relatividade!

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